A notícia está em sites, é só dar um ‘google’ para encontrá-la. Um
garoto de seis anos, de cidade do interior de São Paulo (por questão de
princípios meus, prefiro não citar nomes), passou em dois testes
realizados na Espanha e foi convidado a treinar nas categorias de base
do Barcelona. A família, felicíssima com a perspectiva de ter um Messi
em casa, topou e dentro de pouco tempo voltará à Europa para o garoto
treinar.
Não sou psicólogo, não sou pedagogo – e sei que posso cometer erros
de avaliação. Não sou também pai melhor do que ninguém. Criei dois
filhos com carinho, com os erros e com os acertos da maioria dos pais.
Além de passar-lhes ideias claras sobre retidão e respeito ao próximo,
tentei dar-lhes liberdade também. Tem funcionado até hoje.
Nunca vi o futebol como uma profissão “menor”, ao contrário do que
ocorria para a geração de meus pais. Para eles, o filho deveria estudar e
ser doutor. Se o meu rapaz fosse bom de bola (e era, mas não para ser
profissional), teria deixado que seguisse adiante. Iria incentivá-lo e
certamente acompanharia seus passos bem de perto. Não bateria cabeça,
disso estou certo.
Mas não permitiria que saísse do país ainda na primeira infância. Não iria arrancá-lo do convívio dos amiguinhos, dos tios, dos nonnos,
para aventurar-se a treinar em terra estrangeira. Nem que eu e minha
mulher fôssemos juntos. Se, de fato, tivesse talento, apostaria no tempo
para autorizar tal aventura. Quando tivesse consciência das coisas da
vida.
Por mais que se diga que o programa inclui estudo e lazer, se trata já de um compromisso
a assumir muito precocemente. Criança tem de brincar, precisa manter a
cuca fresca, livre de preocupações, deve seguir a ação normal do tempo
para amadurecer.
Será positivo incutir na cabeça de um menino a ideia de que terá
futuro como jogador de futebol? Quem garante o sucesso dessa previsão? E
se não vingar, como ocorre com a maioria dos que frequentam a base de
qualquer clube? Qual o preço que se paga por sair do ninho tão cedo? Eu
não tenho as respostas, não vou ensinar nada a pai nenhum. São apenas
reflexões.
E uma reflexão final: será que um dia esses gigantes do futebol
internacional irão apostar em embriões, em fetos, se estudos apontarem
que têm potencial para jogar futebol? Não duvido.
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